Pré-venda iniciada em 9/9/2024. Envios a partir da segunda quinzena de outubro de 2024.
Estruturado como uma refeição e seus cursos, Quase morri de fome mas hoje estou bem é dividido em três grandes blocos: entrada, prato principal e sobremesa. Essa divisão em três partes reproduz duas questões do nosso tempo: a simplificação comercial - já que os menus fixos dos restaurantes usam essa estrutura - e a pressa e a superficialidade embutidas nesse esforço pela simplificação. A estrutura antecipa o foco do livro: o nosso comer é um sintoma que nos descreve e, como sintoma, ilumina nosso descompasso e alienação cotidiana sobre nós mesmos, manifestado num ato tão básico como o da alimentação.
Quase morri de fome mas hoje estou bem é um título que faz alusão aos transtornos alimentares, especialmente a anorexia e a bulimia, que matam de fome a partir da recusa alimentar. Como metáfora, a recusa aparece numa rejeição ao modelo de produção e exploração da contemporaneidade, que não alimenta literal nem metaforicamente muitas pessoas. O título traz, contudo, uma resolução possível, marcada pelo hoje estou bem.
Também é o título de uma das crônicas que compõem o volume, e que desenvolve questões sobre o comer transtornado. Essa temática atravessa outros ensaios sem figurar como problema médico, mas sim como analogia. Os transtornos na obra se desenham como um sintoma das adversidades do mundo contemporâneo, como a pouca valorização que recebem as atividades de cuidado, a aceleração da vida cotidiana, a desconexão com o mundo natural nos grandes centros, entre outros assuntos que merecem ser repensados para se construir uma vida na qual caiba mais fruição.
Sobre a autora:
Carla Soares é escritora, pesquisadora, mestre em Comunicação Social (UFMG), e criadora do OutraCozinha, projeto em que usa a comida para investigar o mundo e alimentar o espírito.
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