A palavra, Isadora Machado nos traz em toda a sua espessura. Isadora a deixa brincar sua metaforicidade, permite que seus
sentidos perambulem sem administração nem margem (porque é desse espaço entre margens de uma América Latina-Caribe-África que elas evolam - sim, evolam!). A palavra em Vai para Cuba trafega entre o zelo da semanticista e o desamparo da poesia, entre a doçura cotidiana do mínimo e a aspereza assombrosa do desgoverno neoliberal genocida, entre a palavra mágica da Santeria sempre presente e a palavra agreste do desmazelo. Muitas vozes são convocadas a falar aqui: a voz dos filósofos e dos artistas, a voz dos ancestrais e dos movimentos sociais, a dos mais de setecentos mil mortos, a voz esquizo, a voz de um país, da diáspora toda, mas a voz de uma mulher-cis-bissexual-branca-professora- -pesquisadora-materialista e singular. Nesse jogo, Vai para Cuba te convida a "brincar de sério", olhos nos olhos. Quem rir primeiro perde. Mas quem perde também ganha.
Prof. Dr. Luiz Felipe Andrade Silva
Instituto de Letras - Universidade Federal da Bahia