Thayla Fernandes da Conceição é professora e pesquisadora em Ciências Sociais e Direito e artista independente. Nasceu em Belém do Pará e deste ventre tirou os primeiros fluxos que lhe impulsionaram para uma saga de movimento constante e acidental pelo mundo. Este livro é sua estreia na poesia. Tendo sua vida dividida em três estados (PA, ES e RJ), Thayla busca traduzir algumas imagens vividas em movimento nestes lugares que encontram metaforicamente nas águas as suas semelhanças e diferenças. Belém, uma cidade dourada por seus rios, furos e igarapés, ritmados por seus acordos com as chuvas diárias; Vitória, capital que é ilha de mangue urbano e que faz dos provimentos deste mangue grande parte de seu espírito e cenário; Rio de Janeiro, sempre irônico, que faz das águas salgadas, quase um inverso do seu nome, sua identidade mais anunciada. Este livro é, portanto, um relato de um fazer-se alguém entre idas e vindas, e uma homenagem a esta trindade de cidades que construíram e seguem construindo a autora.
Capa comum
Edição: 1ª (2022)
Formato: 13x19cm
Páginas: 80
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Águas
Água de rabisco
aquarela, aquela
cor de furtada do céu
falante sobre um eu de um aqui,
às vezes sobre um eu de um agora
só que longe, e estou longe
pois ser longe
é o que sei ser
Água de pigmento
chegar, esvair
água é gente se arriscando
da canoa, desce o som
e a gente vê, pelo barro
uma gente, no mistério, se decantando
Esfinge, retiro, vapor, vaidade
tantos são os talentos que se carrega
e que são carregados, no imediato
quando no encontro das águas.
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Ponte III
Fazer da pergunta “da onde tu és?” uma longa história, e n ão uma localização.