Primeiras observações poéticas, de Maria Helena Furquim Lanza Alves

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Esta antologia é constituída por nove temáticas centrais, cada uma delas recebe um título. Na primeira parte, Utopia, o tema é o lugar do poeta, a sensação de não pertencimento ao mundo e o desejo de encontrar um paraíso ou terra encantada onde seja possível repousar e esquecer a realidade. Mas, a busca por um lugar ideal é paralela à consciência dos problemas humanos. O poeta sofre porque sabe que a sua terra de delícias e de belezas descomunais é uma fuga para um universo de sonhos impossíveis.

No capítulo Alma, o “eu” poeta deixa transparecer cenas do cotidiano, da infância e da passagem para a vida adulta. O tom intimista remete ao estilo de escrita dos diários e das cartas familiares, oferecendo ao leitor uma janela aberta para um arco-íris de emoções. Expectativas, angústias, ansiedades e medos dividem espaço com as pressas, vontades e urgências de alguém que deseja aproveitar a vida, mas sofre os reveses da sorte e as inconstâncias do próprio humor. Alegrias e tristezas, planos e ambições, necessidades e fantasias são a matéria-prima de um poeta que escreve, não propriamente as suas experiências, mas, as suas contradições íntimas. À medida que se opera a passagem para a vida adulta, o pensamento poético se torna mais abstrato e as reflexões infantis e ingênuas cedem espaço a uma concepção de mundo mais crítica. O olhar de um sujeito poético que está crescendo recai sobre si e sobre o mundo em um primeiro esforço filosófico de autoconhecimento. Os textos deste capítulo estão na dimensão do pensamento e do sentimento. O evidente contraste entre ingenuidade e experiência é revelado à medida que a alma em metamorfose tece projetos de vida e interroga a si mesma sobre sua realidade objetiva e sobre sua esfera íntima de sonhos, ilusões e crises. Raciocínios mais objetivos são encontrados no capítulo seguinte.

Em Razão, o leitor tem diante de si as realidades materiais da vida comum de quem estuda, trabalha, imagina o futuro e se depara com os problemas existenciais que atormentam a maioria dos seres-humanos. Este é o lugar da vocação, do ofício, do cansaço, do sofrimento físico e mental, entre tantas outras circunstâncias do dia-a-dia. A escrivaninha do intelectual está presente neste cenário bem como o hospital, pois o trabalho do espírito e a doença do corpo sinalizam a condição humana. Os dias de cansaço, preguiça, tédio e desânimo têm seu espaço em Fleuma, lugar das incertezas e da típica melancolia que acomete a maioria dos poetas.

Em Verbo, nem apatia, nem euforia; agora, as páginas estão repletas de moderação e do sol morno das estações amenas. Aqui, as poesias falam de si em um exercício metalinguístico que oferece ao leitor uma visão privilegiada sobre como nascem os poemas no cérebro dos poetas. Como explicar por que alguém se torna poeta? Talvez não exista um “tornar-se”, as pessoas simplesmente nascem poetas; algumas descobrem essa condição bastante cedo; outras, mais tarde; e há as que nunca chegam a descobrir que há poesia dentro delas. Pessoalmente, acredito que a poesia está em tudo e em todos os seres. Sem ela, nem é possível respirar. A poesia está sobretudo no amor e, principalmente, no amor romântico. Por isso, não se pode evitar este capítulo das intimidades. Contudo, entre os poetas, o amor costuma ser platônico.

Assim, em Coração, os textos não são exatamente apaixonados porque são fruto das primeiras noções platônicas do amor. Poesias pueris com versos meigos apenas insinuam um “eu” romântico sincero, mas ainda tímido. Em algumas ocasiões, há mais reflexão sobre o amor e suas convenções do que sentimento. Nesses textos, não surgem as paixões amadurecidas e adultas, mas, sim, as impressões de um coração jovem que está ensaiando os primeiros voos. Rivalizando com o amor, existe o ódio. Por isso, em Bile, o “eu” poético se mostra azedo, sobretudo contra injustiças sociais. Várias situações merecem o desgosto e a crítica de um sujeito que não entende o mundo em que vive. A incompreensão e a frustração de não poder mudar a realidade sociocultural e político-econômica é a mola da maioria desses poemas. Mas, a visão pessimista da humanidade é, ao mesmo tempo, um desejo de salvação. Quem está doente, o poeta ou o mundo?

Em Sangue, predomina a guerra. Muitos foram os que escreveram sobre o que viram, sentiram e presenciaram. Este “eu” poético não está pessoalmente envolvido e não se encontra imerso no caos; para ele, não importa qual a guerra, a mais recente ou a mais antiga, a do leste ou a do oeste, a essência é a mesma: dor, espanto e barbárie. Este capítulo é uma denúncia das várias formas de violência que se abrigam nas sociedades humanas. Não é preciso ver para sentir a violência como insanidade atemporal. E depois? Fim? Não é possível esgotar todos os temas genericamente descritos como “humanidades”. Toda obra tem uma parcela de escolha. Mas, por que esses assuntos e não outros? Utopia, Alma, Razão, Fleuma, Verbo, Coração, Bile, Sangue e Adeus, uma breve conclusão. Essa divisão segue uma lógica posterior ao momento em que os versos foram escritos. Por algum tempo, não houve coerência alguma e nem intenção, apenas vontade de escrever. E foi assim: ao sabor do momento, da intuição e ao bel prazer; em várias ocasiões e ao longo de alguns anos. Somente durante a revisão surgiu com certa nitidez esta forma de arranjar as ideias e de perceber os sentimentos que elas expressavam. Mas, existe uma distância entre o “eu revisor” e o “eu escritor”, são duas pessoas no mesmo corpo. Muita coisa mudou “por dentro e por fora” nesse intervalo. Se fosse possível resumir esta antologia em uma única palavra, eu diria que “lugar” é a constante que une as idiossincrasias dos diferentes momentos desta obra e é a ponte entre dentro (na intimidade dos devaneios) e fora (nas muitas realidades objetivas). Tudo o que acontece, longe ou perto das vistas, na verdade, acontece em um único lugar: no espírito humano, na dimensão das ideias e do sentimento. Utopia é a terra encantada da literatura; Alma, a dimensão do “eu”; Razão, a casa da lógica; Fígado e Baço (Fleuma, Bile e Sangue), espaços de introspecção, a cama dos pesadelos, a torre dos desesperos, o hospício das revoltas e as algemas da violência. Em contraposição, Verbo é o berço da poesia, e Coração é o altar do amor. No universo poético, cada coisa tem o seu lugar de acordo com a sensibilidade do sujeito criativo. Não há conclusões. Em Adeus, o “eu” poeta pressente que é cedo e que a sua jornada está apenas começando e ainda não se pode dizer se a estrada será larga ou estreita, longa ou curta. O que o futuro lhe reserva? Se um destino existe, não é possível avistá-lo daqui, ele se perde no horizonte.

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