Alexandre Berçott traz, em Coragem quase poética, reflexões sobre a vida, o tempo e a liberdade, em suas mais variadas possibilidades.
Capa comum
Edição: 1ª (2022)
Formato: 13x19cm
Páginas: 72
---
ATRÁS DA CASA PASSA UM RIO
beleza de uma vida cansada
a beleza insuportável de enxergar os olhos
atentos
resta um pouco de esperança da beleza
a beleza é uma esperança
a beleza tão cansada quanto a vida é a única esperança da casa
o chão da casa um dia foi a esperança da casa
a porta da casa já foi esperança da casa
primeiro, aberta
depois, fechada
fechar a porta sempre foi difícil
agora a porta se fecha sozinha
a beleza pouca é a única esperança da casa
a beleza é a esperança da existência de esperança na casa
a beleza é a salvação da casa
nós bebemos vinho com a beleza. culpados da existência da beleza
para a existência de beleza ela ou outra
nós quase sufocamos a beleza
todos nós somos iludidos felizes junto da beleza
a beleza se tornaria a casa
se a casa não fosse a casa e carregasse
consigo
todas as dores do mundo
--x--
CRIANÇA
é que há o sentimento
que transborda no mundo
porque eu sumi tanto nesses tempos de quase ser eu
o mundo me arrebata
as estradas de terra levantam-se poeira sozinhas
para gritar
vida
ressoa-se de mundo a ave sem cor
nascida em um canto ali perto
e lá longe — tão longe quanto eu