Não acho que existem “identidades verdadeiras”, as quais algumas de nós descobrimos finalmente e, às vezes, “assumimos” com muito trabalho. Pelo contrário, acho que nos tornarmos lésbicas, sapas, doble espírito ou como seja que nos chamemos, é uma decisão política, que tem a ver com desafiar não apenas a norma heterossexual, se não que as lógicas da opressão das mulheres pelos homens. Insisto em uma opressão levada a cabo pelos homens, que se beneficiam diretamente dela. Mas, também, cabe lembrar que essa opressão pelos homens está intimamente ligada à opressão racista e capitalista. Funcionam juntas. Vamos derrubar juntas.
Este trabalho de Jessica – suas palavras, sua proposta visual –, tão poético e tão forte, moleque, é muito sábio e, ao mesmo tempo, é um convite ao erotismo como poder, festa e luta. E sua luta não é apenas pessoal. Por isso, este livro nos chama a nos juntarmos para caminharmos juntas entre sorrisos e cumplicidades.
Jules Falquet
Sobre a autora:
Jessica Felizardo é psicóloga, lésbica, poeta e artista plástica. Com uma trajetória marcada pela atuação na clínica, também se dedica a pesquisas acadêmicas nas áreas da saúde mental, gênero e sexualidades.